Se acompanharam as minhas palavras nos últimos anos (pelo menos desde 1996), devem ter concluído que não sou adepto de maiorias, muito menos da repetição de maiorias, a tal ponto de não ser bem acolhido pelo anterior presidente (neste caso duplamente anterior). Não é pelo partido A, B ou C ter tido maior percentagem de votos expressos que mudo de opinião, se bem que podem pensar que possa não tenha motivos para festejar pois ainda me está atravessado o boicote à nossa participação na Feira do Vinho deste ano. É verdade que foi um gesto nada amistoso por parte da autarquia, seja como for não é isso que está em causa. Aliás, não são as pessoas que estão em causa, pois na verdade não as conheço, apenas mantenho as minhas reservas quanto a maiorias e sua repetição. Do ponto de vista pessoal, parabéns para eles, conseguiram mais uma vitória.
Pergunto-me quem saiu vitorioso das eleições de ontem. Certamente os partidos da coligação e os seus membros. Como acho ser pouco questiono-me sobre se as populações saíram vencedoras. Não tenho resposta para esta questão, pois levanta muitas dúvidas, implicaria um estudo aprofundado sobre o eleitorado do concelho, a sua caracterização e motivações políticas. Fui-me dando conta ao longo dos últimos meses de algum descontentamento, que me parecia algo abrangente, contudo, seja qual for o motivo, acredito que legítimo, os dados são claros quanto aos vencedores. O que me preocupa realmente é a ausência da chamada massa crítica, assistindo-se à formação de dois grupos (pelo menos) com ideias idênticas mas caras diferentes. De um lado lamento que em 4 anos se tenha passado do sorriso a outras expressões que o eleitorado desconhece mas aprova. Do outro lado lamento que a febre por um lugar ao sol tenha deixado marcas profundas na oposição.
Seja em que contexto for acredito que só uma oposição forte é capaz de mobilizar os cidadãos, discutindo com eles propostas e, sobretudo, criando junto deles um desejo repetido de mobilização em prol de causas. As maiorias geram apatia e geram desconfiança. Por um lado, existindo estabilidade os cidadãos acham que já cumpriram o seu papel e agora cabe aos seus representantes eleitos fazerem tudo por eles, por vezes evidenciando um paternalismo atroz, com expressões do tipo: "eles é que sabem, eles é que têm os livros" ou "já paguei os meus impostos, não tenho nada a ver com isso, eles que façam". Por outro lado, essa estabilidade gera por vezes desconfiança, tantas vezes expressa com termos como "falta de transparência" e outros afins. Receio que a criação de dois blocos, à semelhança do país, no coloco perante divergências irresolúveis, gerando focos de antagonismo que pouco dignificam a nossa democracia.
Pelo contrário, a existência de minorias força ao diálogo, fomenta o interesse das pessoas pela actividade pública. Infelizmente tudo se resume a política partidária, chegando-se ao ridículo de ver organizações da sociedade civil de cariz não partidário a transformarem-se em partidos. Clientelismo a quanto obrigas!
Retomando a questão de quem vence as eleições. Sim foi a coligação. Talvez não tenha sido o povo, se se votar à letargia e ao mero acenar com a cabeça estaremos a recuar. Creio que cabe aos autarcas eleitos dar vida ao concelho, com iniciativas abrangentes, sem excluírem ninguém, fomento a diversidade e a discussão de ideias. Só assim se poderá afirmar que vencemos todos. Sei que as minhas palavras não são propriamente bem recebidas pela maioria vencedora, seja como for não deixo de dizer o que penso.
Pergunto-me quem saiu vitorioso das eleições de ontem. Certamente os partidos da coligação e os seus membros. Como acho ser pouco questiono-me sobre se as populações saíram vencedoras. Não tenho resposta para esta questão, pois levanta muitas dúvidas, implicaria um estudo aprofundado sobre o eleitorado do concelho, a sua caracterização e motivações políticas. Fui-me dando conta ao longo dos últimos meses de algum descontentamento, que me parecia algo abrangente, contudo, seja qual for o motivo, acredito que legítimo, os dados são claros quanto aos vencedores. O que me preocupa realmente é a ausência da chamada massa crítica, assistindo-se à formação de dois grupos (pelo menos) com ideias idênticas mas caras diferentes. De um lado lamento que em 4 anos se tenha passado do sorriso a outras expressões que o eleitorado desconhece mas aprova. Do outro lado lamento que a febre por um lugar ao sol tenha deixado marcas profundas na oposição.
Seja em que contexto for acredito que só uma oposição forte é capaz de mobilizar os cidadãos, discutindo com eles propostas e, sobretudo, criando junto deles um desejo repetido de mobilização em prol de causas. As maiorias geram apatia e geram desconfiança. Por um lado, existindo estabilidade os cidadãos acham que já cumpriram o seu papel e agora cabe aos seus representantes eleitos fazerem tudo por eles, por vezes evidenciando um paternalismo atroz, com expressões do tipo: "eles é que sabem, eles é que têm os livros" ou "já paguei os meus impostos, não tenho nada a ver com isso, eles que façam". Por outro lado, essa estabilidade gera por vezes desconfiança, tantas vezes expressa com termos como "falta de transparência" e outros afins. Receio que a criação de dois blocos, à semelhança do país, no coloco perante divergências irresolúveis, gerando focos de antagonismo que pouco dignificam a nossa democracia.
Pelo contrário, a existência de minorias força ao diálogo, fomenta o interesse das pessoas pela actividade pública. Infelizmente tudo se resume a política partidária, chegando-se ao ridículo de ver organizações da sociedade civil de cariz não partidário a transformarem-se em partidos. Clientelismo a quanto obrigas!
Retomando a questão de quem vence as eleições. Sim foi a coligação. Talvez não tenha sido o povo, se se votar à letargia e ao mero acenar com a cabeça estaremos a recuar. Creio que cabe aos autarcas eleitos dar vida ao concelho, com iniciativas abrangentes, sem excluírem ninguém, fomento a diversidade e a discussão de ideias. Só assim se poderá afirmar que vencemos todos. Sei que as minhas palavras não são propriamente bem recebidas pela maioria vencedora, seja como for não deixo de dizer o que penso.
4 comentários:
inconformista dxit
RESCALDO das autarquicas
PS Local - grande derrota
Esqueceram-se do Princípio de Peter
Para além da poluição visual e da pobreza franciscana evidenciada por todas as candidaturas, sobressaiu naturalmente a grande derrota do PS. Com apenas 2129 votos obtidos num universo de 13988, o que correspondeu a 23,59% dos votos entrados nas urnas, o PS Local obteve um dos piores resultados do PS a nível local de todos os tempos.
Os estrategos políticos de Nelas ignoraram o Princípio de Peter, 2º o qual as pessoas só são competen tes até um determinado nível. É, por isso, que um bom soldado, não dá obrigatoriam/ um bom sargento, ou um bom capitão - em regra - não dá um bom general, ou um bom depu tado municipal, como foi, de facto o Adelino Amaral, não teria de dar um bom Presidente.
E, nem sequer se pode falar da conjuntura política e muito menos da falta de meios!
Em política há uma coisa muito di- fícil de definir que é o CARISMA, que ou se tem ou não!... Mas o Adelino que é um Homem correcto, organizado, e, sobretudo, bem in- tencionado, vai saber dar a volta por cima, até porque é muito jovem ainda. Acresce que em democracia, tanto se pode ser útil no poder como na oposição.
* Estas eleições acabaram também com dois mitos. O 1º refere-se ao candidato do Partido da Terra, sem dúvida,o Homem que mais marcou a política local nestes últimos anos, mas cujo prazo de validade, digamos assim, se esgotou. O 2º mito aponta para uma saudade do exercício do poder - marcado pela polémica, é bom recordá-lo* - que pelos vistos durou 30 anos!!!???..
A candidatura do sangue azul (falso) ainda por cima, apesar de ter contribuído para o falecimento prematuro do blog municipiocds - muito lido também em Nelas - e ter inexplicavelmente dominado a imprensa paroquial canense, não passou de um fait-divers e de apenas ter concorrido para a poluição visual, dada a pobreza de ideias apresentadas.
** Outra nota destas eleições foi o BE não ter apresentado candidatu ra à CM. Com a crise do capitalis- mo global, é inegável a aceitação crescente que o BE vem tendo junto da sociedade portuguesa em geral e da juventude, em particular. Ninguém pode ficar indiferente à inteligência e argúcia de um polí tico a sério, como é de facto Fran cisco Louça. E daí o facto do BE ter duplicado a sua votação nas últimas eleições legislativas, tendo duplicado o número de deputados eleitos!
Seja qual for o Princípio ou mesmo o partido em causa, o que me deixa preocupado é esta contínua falta de predisposição para a mudança. Ora, a médio prazo tal pode muito bem funcionar contra o poder legitimado. Não é o caso, mas basta pensar na construção de uma grande obra pública ou outro empreendimento ou apenas medida que afecte a vida das pessoas, estas revelam estar pouco predispostas a mudar e a aceitar o que é novo, facto que pode agudizar situações de conflito. Não quero estar a agoirar mas é um exemplo que já aconteceu em diversos locais. Pena é que não se tenha tradição de minorias dialogantes e cooperantes.
O que o preocupa não é a falta de predisposição para tal. É a falta de jeito que lhe dá, não ter mudado a Câmara, para arranjar financiamentos para si e para os projectos dos seus "amiguinhos"
Se o último comentário era atirado de caras para mim agradeço que escolha outro alvo, por um lado, porque confunde leitura política com simpatias; por outro lado, pelo simples facto de me saíram do bolso (e a toda a equipa) o investimento feito no projecto em curso. Mais ainda: não sou eleitor em Nelas, nem pretendo ser enquanto viver fora; não foi solicitado qualquer tipo de apoio financeiro a nenhuma Câmara, até porque existem várias formas de apoiar e de boicotar. O que me chateia nem é esse aspecto, pois com teimosia e acreditando no que se pode fazer, avançaremos. O que chateia de facto é existirem estes moços de recados e outros tantos que apenas querem destruir o que os outros tentam por todos os meios fazer, convictos estarem a dar um contributo para a região...
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