terça-feira, 6 de outubro de 2009

Salvem-nos deste pesadelo!

Embora não seja eleitor no concelho tenho feito um esforço para conhecer minimamente as propostas dos candidatos à futura liderança da autarquia. Parece-me tudo ainda muito vago, isto quando deveriam publicamente divulgados os respectivos programas eleitorais. Creio que a ideia da arruada, no nosso concelho e em muitos outros por vezes transformado em “carrada”, para não dizer num ruidoso vai e logo volta de carros que mais parecem alegóricos, retira conteúdo à campanha. Alguém sugeriu, e com razão, que o ideal seria juntar todos os candidatos no cine-teatro ou espaço similar, pois só no debate de ideias se perceberia o que realmente querem para o nosso concelho. Assim só ficamos a saber quem tem a t-shirt mais gira, quem oferece mais prendinhas ou quem tem dificuldades em se fazer ouvir, se a Dona Rosa, se a Dona Deolinda ou se a Dona Abstenção, isto para não extremar posições e acreditando que quem mais alto grita mais dificuldades tem em se fazer ouvir.
Andei meses a fio a tentar perceber, por um lado, que trazem de novo os velhos e os novos candidatos, a única conclusão a que chego é que trouxeram subitamente mais poeira (mesmo de chuva), mais alcatrão, mais ataques entre uns e outros e, porventura, mais afilhados, mais deserdados... Com tanto prurido a política transforma-se num arraial, mas sem populares, pois esses estão fartos de serem figurantes e nem o papel de mirones o satisfaz. Tal acontece em Nelas como em qualquer concelho do país, pois trocou-se a política de causas pela política de caras e é de caras ou descaradamente que nos vão catando os votos para assim de forma legítima assumirem mais um mandato. O mesmo é dizer que como eleitores somos cada mais “uns vendidos”. E ainda temos a lata de aceitar que votar se trata de um dever cívico. Infelizmente assistiu-se nas legislativas à transformação de movimentos cívicos em partidos políticos, não entendo o motivo, aliás creio que entendo, são liderados por pessoas com uma necessidade faminta de protagonismo. A minha esperança sempre esteve do lado da dita sociedade civil, mas vejo a sociedade civil apática, rendida e, como digo acima, vendida, aos caprichos da luta partidária. Se assim se mantiver este cenário não precisamos de novas pessoas na política, aliás quase nem precisamos de pessoas, pois novas ou velhas são incapazes de liquidar esta viciante engrenagem, ainda a melhoram no sentido de servir os seus interesses. Sem uma real vontade de mudar os destinos do país e do nosso concelho apenas se assistirá à gestão corrente, faltará uma visão estratégica capaz de nos colocar entre os melhores exemplos.

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