segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O que devem fazer os cidadãos quando as instituições falham?

Não trago soluções, até porque não existem milagres, de qualquer forma sempre acreditei que o fracasso das instituições é também o fracasso de um projecto de cidadania, qualquer que seja a escala, pois o país está moribundo e não se prevê qualquer recuperação a curto prazo e quem entra em agonia somos nós. Sem o exercício de uma cidadania activa, atenta à governação e fiscalizadora do ponto de vista da representação democrática e idoneidade dos seus representantes, facilmente as instituições se deixam contagiar pelo "deixa andar", assistindo-se à nomeação de um rol de líderes ou assessores de ocasião, sem qualquer perfil e sem provas de que merecem ocupar tais lugares. Sem cidadania activa assistimos ao constante ocupar das cadeiras, para ocupar e outras que se inventam. Por outro lado, sem capital social capaz de se concretizar em fóruns de discussão, o país sucumbe à primeira invenção de um qualquer líder, num paternalismo ou maternalismo, pois, e aqui felizmente, a igualdade de género tem sido, embora timidamente um das conquistas de Abril. Ora, se os cidadãos se acanham e passam, mesmo que seja através do voto, o que deveria ser o seu papel para os denominados "seus representantes", estes ao verem legitimado tamanho poder têm duas opções: 1ª acreditam que a ética na política e o futuro do país são objectivos primordiais; 2ª consideram que o futuro do país é importante mas importa em primeiro lugar salvaguardar os interesses do grupo. Sabemos que do ideal à prática vai uma grande distância, todavia sem o nosso contributo teremos sempre corporações a pensar e a agirem na defesa dos seus interesses. É certo que os cidadãos sozinhos não fazem milagres, mas como diz o povo "quem cala consente".
Já não acredito nos partidos, não por terem todos o mesmo discurso nos dois momentos mais importantes da sua existência - quando são oposição e quando exercem o poder. Não acredito em partidos pelo simples facto de não quererem reformas, por forçarem a continuidade, pois essa convém-lhe. Por isso não procedem à reforma administrativa do país, não estimulam a participação dos cidadãos, são contra os círculos uninominais, etc., etc. a lista é infindável. Rejeitam tudo o que implique perderem o seu lugar, podendo sair beneficiados no final, mas preferem não arriscar, por isso se defendem, mesmo contra os reais interesses nacionais, criam uma rede de interesses que permite a sua permanência neste estado de coisas. Quanto a nós, usando uma terminologia já muito batida, ou estamos a favor ou estamos contra. E se estamos contra estaremos bem tramados, pois dificilmente conseguiremos desafiar os poderes assim instituídos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Este texto não é só mais um título do bastante útil Nelas Virtualmente, é também um incentivo para que a sua leitura ilumine todos os cérebros que se têm entregado à tacanhez do comodismo, valorizando desse modo o "eles é que sabem", dos nossos representantes, que na sua maioria são mais profissionais e interessados no seu ego, do que no bem estar e progresso do nosso País.

Anónimo disse...

Ainda há pouco mais de 24 horas, um conceituado comentador da sic noticias,e que de profissão tem como desempenho o nível de juiz desembargador,dizia a certa altura,dos seus muito úteis e verdadeiros comentários, o seguinte: "como sempre gostei de chamar as coisas pelos nomes, os principais culpados da situaçõao de Portugal, são o partido socialista e o partido social democrata...
Pois este País em coisas más é dos primeiros da europa e em coisas boas é, dos já por tradição, o da cauda da Europa. E tantas eleições que já se fizeram após, o abril de 1974....

José disse...

Obrigado pelas palavras. Quanto aos culpados não deveremos daí lavar as nossas mãos, pois os partidos existem com o apoio dos cidadãos, não creio é que a democracia exista apenas com os partidos, até porque, como sabemos, muitas ditaduras também se legitimam pelo voto...

José disse...

Convém esclarecer que o meu comentário não era nenhum recado para ninguém, até porque digo o que tenho a dizer. Queria reforçar que sem o empenhamento activo dos cidadãos se esgota a democracia e que o voto tal como hoje acontece apenas legitima interesses privados e não o bem público...

Anónimo disse...

Eu não chamaria democracia, char-lhe-ia tal qual o sintimos nós povo português,de PARTIDOCRACIA...
" do conluio, da conveniência,do arranjinho e da SATISFAÇÃO PLENA DOS INTERVENIENTES...

Anónimo disse...

E SÓ ...