quinta-feira, 20 de maio de 2010

É o vale tudo...

Começo a acreditar que as crises financeiras, económicas ou como as queiram ver, geram uma certa propensão para a mudança. O problema é que nem sempre bom bom sentido. Não é preciso recuar muito atrás, para quem se lembra o 25 de Abril ocorreu logo após a primeira crise petrolífera. E em Espanha ocorreu algo idêntico com a transição do franquismo para a democracia. Ora, depois de anos de expansão, em que o Estado social de alguma forma compensou o capitalismo selvagem, o que agora se passa é uma total inversão dos acontecimentos. Os ditos Estados-nação que outrora fecharam os olhos à “bondade” dos magnatas, sentiram-se na obrigação de pagar as dívidas as estes senhores. Mas estes ou outros senhores não tinham ainda os cofres cheios rapidamente sacaram dos orçamentos nacionais o que havia e o que se pensaria que haveria. E como querem continuar a sacar o povo é chamado como que a pagar o dízimo. Fomos pois convocados a dizer presentes, quase tal e qual o plantel da selecção, a diferença é que os jogadores vão encher os bolsos e nós a esvaziá-los, isto se tivermos bolsos, pois o certo é tem as calças nos levam. Pior que tudo, sendo pobres ou mesquinhos lá fomos favorecendo filhos e afilhados. A tal ponto que os pobres não ficaram apenas vazios, aliás, o mais certo é que sem dinheiro para pagar a tanta gente teremos é de vender os cofres.

Como um mal não vem só, estes momentos de crise tanto “dão” como “retiram” direitos. Se o 25 de Abril, com todos os defeitos que se possam apontar, é sinónimo de liberdade, agora vivemos momentos de opressão, em diferentes escalas e domínios, mas pelos mesmos motivos de sempre – o poder. Não sou eu que o digo, ninguém quer perder o emprego, em Nelas, em Lisboa, ou em qualquer lugar do país e do mundo. Não sou eu que o digo, mas é bem conhecida a expressão “ou estás comigo ou estás contra mim”. O que quero assinalar é que tal não se limita à esfera político partidária, alarga-se à esfera do emprego, da protecção social e por vezes invade o domínio privado. Sobre o último ponto basta lembrar objectivamente a vinda do Papa a Portugal e concluir que a imagem que ficou não foi a do banho de multidão, passo a expressão, mas a da transformação do acontecimento num fenómeno nacional, ao qual deveríamos aderir ou então deveríamos silenciar as nossas convicções. Exemplos não faltam, quem não disser “presente” quando a selecção jogar corre igualmente o risco de ser excomungado. Lamentavelmente estamos a criar como que uma onda do género “Ó Maria vai com as outras” e quem não for corre o risco de ser visto de esguelha. Para os outros não sei, para mim é um rumo preocupante, pois , como disse, ultrapassa a esfera do partido A ou B, entra na esfera relacional, dos valores, das instituições informais (como a família ou a comunidade)...


P.S. o texto não foi escrito com base no acordo ortográfico, nem atenta sobre ninguém e se tiver erros é porque o autor só teve tempo para escrever e não para ler

1 comentário:

Anónimo disse...

É SEM DÚVIDA E DEVERAS UM RUMO PREOCUPANTE, O QUE PREENCHE A ANÁLISE CONCLUSIVA DESTE TEXTO, QUE MUITO POUCOS TÊEM A CORAGEM DE O EXPLANAR, POR MUITAS RAZÕES...
MUITOS O SENTIRÃO, MAS ACOBARDAM-SE DE LUTAR PELA TRANSPARÊNCIA, MAS SABEM, E DISSO TÊM A CERTEZA, DE QUE A QUALIDADE,FORMAÇÃO E RANCOR, DOS QUE OS PASSARÃO A OLHAR DE ESGUELHA, TEM MUITA FALTA DE TEMPÊRO COMUNITÁRIO.(!!!). O POVO SERÁ SERENO, EMBORA COM BASTANTE DIFICULDADE...de qualquer maneira bem-haja JOSÉ, por mais este seu texto!.!.!.